quarta-feira, 6 de janeiro de 2016


O LUTO

PERDI MEUS PAIS NO ANO DE 2015
( Mamãe em Março e Papai em Agosto )


 O que aprendemos com a perda de um ente querido?
Perder um familiar, nunca é fácil. Meus pais ficaram doentes desde 2014 e foram devagar envelhecendo rápido em dois anos. Minha mãe com Alzheimer e meu pai com câncer de boca.
Minha mãe levou muitas quedas e a última dela foi quando meu pai estava hospitalizado. Assim que saímos do hospital com ele, vimos que ela não estava bem e então foi ela internada.
Foi para UTI com Higroma na cabeça. Ficou dois meses no hospital. Uns dias na UTI e como não se recuperaria mais, optamos por uma internação mais humana, 

Neste tempo todo de internação da minha mãe, meu pai fazia radioterapia no rosto por causa do tumor. Foi tendo reações muito fortes da radio, como muitas aftas, fungo, mucosite, herpes, feridas no rosto e pescoço. Minha irmã ficava com ele, levando todos dias para a radio e eu com minha mãe no hospital. Todos os dias, ela levava meu pai para ver minha mãe. 
Foram dois meses para nos prepararmos para a morte dela.
Quando ela faleceu, foi triste, mas não pudemos curtir o luto, pois havia a doença do meu pai e os cuidados com ele. 

Eu moro em Fortaleza, CE, então viajava muito de São Paulo - Fortaleza, pois ainda tenho filha adolescente que necessitava da minha vinda para casa de tempo em tempo.

Meu pai ficou muito triste, pois os dois eram um casal que se dava muito bem. Um casal apaixonado. Bem estruturado. Com casamento sólido. Mas como minha mãe estava sofrendo muito com o Alzheimer, ele foi aceitando a morte vindo de Deus.

Depois das sessões de radioterapia, adaptação da prótese dentária, ainda se alimentava por alimentação parenteral. Mas começou a aprendera comer novamente com uma fonoaudióloga. Mas foi muito difícil e ele não fazia força. Ficou muito desanimado com a dificuldades para enfrentar e as saudades da minha mãe.
Começou a querer ficar só na cama ( hospitalar ), sem querer sair para nada. Dormindo muito, falando pouco. Começou a ter muitas dores de cabeça e um pneumonia. Um domingo parou de falar e não queria acordar...  tivemos que interná-lo e descobrimos que o tumor havia voltado e estava no cérebro. Ficou internado uns dias e depois faleceu também. Sem sofrimento.

Em seis meses fiquei sem pai e sem mãe. Muito estranho a situação. Pois com 56 anos, tendo pai e mãe e logo perder os dois. 
Hoje, 6 de Janeiro, 2016, ainda sinto falta deles. Para falar a verdade, o luto demorou a chegar. Segurei muito. Agora permito lembrar deles e não fujo dos pensamentos. Choro. Fico triste.

A morte vem para todos. Para uns, vem devagar, assim como foi com meus pais. Neste caso, há tempo para se preparar emocionalmente, falar  com a pessoa do nosso amor, pedir perdão, perdoar, fazer carinho...mesmo a pessoa estando em coma. 
Foi o que fiz. Falava muito para cada um, como eu o amava, falava do passado, pedi perdão por coisas que os magoeis e os perdoei também. Falava de Jesus para eles, orava alto por eles. 

Mas tem pessoas que perdem seu ente querido de morte repentina e a dor é muito maior. De um minuto para o outro a pessoa perde alguém que ama muito e nem trabalhou as emoções.

A morte e o luto são momentos difíceis de enfrentar. O sofrimento é normal e todos sofrem. A morte vem para todos um dia, mas é sofrida para os que ficam. Porque nós que ficamos enfrentamos angustia, ansiedade, depressão, dor emocional, amargura, medo, raiva, indignação, sentimento de inadequação e muito choro.o
O luto é o momento pós o enterro ou cremação. O luto é uma experiência individual, pois cada pessoa tem uma atitude peculiar. 

A pessoa enlutada passa por vários momentos:
A primeira fase é a do choque, período que a realidade da perda não é muito forte. Ficamos em estado de choque. Uns choram. Outros ficam calados. Outros fogem da realidade fazendo algo diferente para não pensar ( comer muito, dormir demais, sair, ver TV o tempo todo, ler muito, ficar em casa, viajar...). 
                                                                                                                                                                  A outra fase é a ansiedade, o sentimento de querer recuperar a pessoa perdida. Ver fotos, arrumar as coisas da pessoa mexendo em tudo, relê cartas, relembrando os momentos juntos.

Vem a fase do desespero, aonde choramos muito. Não saber o que fazer. Desanimo. Depressão. Muita tristeza. 

Aí vem a fase da reorganização dos pensamentos, da vida e dos sentimentos. Aí, a pessoa enlutada começa a volta a sua rotina diária. 

Dentro de todas as fases há sentimentos diversos, como solidão, raiva, pânico, culpa, ira, ressentimento, hostilidades, angustia, medo, descrença e outras.

Chorar é a melhor coisa, porque há desabafo e pelo choro expressamos sentimentos profundo e assim o alívio da dor vêm.

Depois que passamos pelas fases do luto, é importante fazer algo para retomar a vida novamente. Alguns necessitam estar junto dos amigos, sair com eles, conversar, relaxar e passear. Outros podem viajar para lugares diferentes e experimentar novos paladares, conhecer novos lugares e estar em um lugar  bonito e gostoso. Quem sabe alguns se unem mais a família, ficam mais juntos e valorizam mais os encontros.

É muito difícil passar o primeiro natal, ano novo, páscoa, aniversário da pessoa que morreu, primeiro aniversário de morte...lembra-se muito da pessoa. Momentos que a dor volta.

O luto, segundo estudiosos duram até dois anos. Se ultrapassar esse tempo, vira um luto patológico e será necessário procurar um médico ou psicóloga. Percebe-se isso através de diversos sintomas comuns no primeiro e segundo ano da morte...mas continuam instalados nos sentimentos e na mente.
Além dos sentimentos anteriores, a pessoa fica com a tendência de ficar falando da morte, tendo comportamento anti social, melancolia, doenças psicossomáticas, recusar de dar as roupas e coisas do falecido.

A Bíblia é o livro de Deus e é muito realista e fala também da morte e do luto.
No Antigo Testamento mostra Deus consolando as pessoas que estavam de luto. A Palavra de Deus fortalece e consola os que sofrem. 
No Novo Testamento vemos várias passagens que tratam da morte, luto e sofrimento..
Para muitos a morte é o fim de carreira, fim de tudo.  Para nós, os cristãos é diferente é o começo de uma vida nova no céu ao lado de Jesus.
Jesus morreu por nossos pecados e ressuscitou e agora está no céu ao lado direito de Jesus. Quem crê  nele, quando morrer, dormirá por um tempo e depois ressuscitará quando Jesus volta para buscar a sua Igreja e morará para sempre com Ele.
Dormir para Deus é a morte física. Então a morte para nós não é um fim da nossa existência, mas  entrada para a vida eterna com Deus.

Esse conhecimento não elimina a dor do luto, mas trás esperança! Trás consolação! Trás mais fé! E esperança de nós irmos um dia morar para sempre com nosso Deus e Jesus.

Essa é a esperança que tem me ajudado a encarar minhas tristeza, lembranças e o luto. Sei que meus pais foram na hora que Deus determinou e estarão aonde Deus os levar. 

Ainda estou de luto! Ainda choro! Lembro sempre dos dois com muitas saudades. Mas tenho fé que foi Deus que os levou e no tempo certo. Estou sempre agradecendo pelos pais maravilhosos que Deus me deu. Uma família estruturada. Ter recebido muito amor deles. Recebi instrução, conselhos, boa educação, bens materiais, experiências....Agradeço também porque tive os dois durante 56 anos da minha vida. Dou graças ao Senhor porque eles não sofreram muito na morte, pois foi suave e tranquila. Agradeço porque tenho uma irmã que me ama e eu a amo, nos damos bem e somos unidas, Isso fruto do amor de meus pais. 

Se você está de luto agora, busque viver o luto durante esse tempo normal, mas peça ajuda de Deus. Pois o Espírito Santo está conosco para nos consolar. Busque mais e mais a presença do Espírito Santo e sua alma estará mais tranquila.

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