quinta-feira, 9 de outubro de 2008

MEUS SENTIMENTOS

           PRIMEIROS SINTOMAS


Quando os primeiro sintomas apareceram através da síndrome do cólon irritavel e alergia respiratória...sentia-me muito incomodada. Durante dois anos, não tive um dia sem ter sintomas gástricos ou respiratórios. Quando meu intestino prendia, tinha dores abdominais de gazes, náuseas e mal estar. E o medo de qualquer momento ele soltar completamente e numa condição ruim....estar fora de casa. Ele nunca avisava, vinha como um ladrão e na mesma hora eu precisava urgente de um banheiro. Quando chegava a diarréia, ela vinha com muitas dores, tonturas e sudorese. Geralmente eu necessitava ir ao banheiro de 10 em 10 minutos, umas 5 vezes pelo menos. Se estava no Shopping, só saia quando tinha certeza que havia terminado. Se me encontrava no carro, tinha que parar e achar um local onde tivesse um banheiro e ali ficava um tempo. Após essas descargas intestinais intensas, eu ficava muito cansada e necessitava urgente de um banho e dormir pelo menos umas duas horas. Acho que desenvolvi neste tempo a síndrome do pânico. Só de pensar em sair, ficava apavorada.

Depois vieram os espirros e tosses nos lugares públicos. Bastava um ventilador, uma brisa mais forte ou um carpete cheio de poeira....eu iniciava a sessão tosse e espirro. O ar faltava. Necessitava de assoar o nariz. Vinha uma taquicardia e tontura. Após esta alergia que durava minutos ou até uma hora, eu também ficava exausta e necessitava dormir para repor as energias.

Esses dois sintomas duraram uns dois anos e foram tão fortes que me levaram a um isolamento social. Pois quando tínhamos um convite para uma festa ou ir na casa de amigos ou uma viagem....eu tremia nas bases. O pânico tomava conta dos meus pensamentos e o medo se instalava nos sentimentos.

Nestes dois anos fui em 6 médicos e nenhum suspeitou da Síndrome da Fadiga Crônica ou fibromialgia. Não fui encaminhada ao reumatologista e nem para psiquiatra ou psicóloga, pois já estava desenvolvendo a síndrome do pânico.

Mudei de estado e fui morar no interior do Ceará. Com a mudança de ares, morar em sítio, uma vida saudável e sair da locura da rotina de uma cidade grande, melhorei durante um tempo, 100%. Não tive nenhum sintoma durante uns 6 meses.

Depois deste tempo no Ceará, tendo uma qualidade de vida muito boa....um dia sofri "algo estranho", "horrível". Estava em casa com minha filha, de 4 meses. Estava sózinha com ela. Comecei a ficar muito cansada e de repente senti tudo rodar e parecia que um raio entrara no meu corpo, nas minhas emoções e na mente. Primeiro senti calor e frio, confusão mental e sem conseguir raciocinar a situação que estava vivendo, sentimentos de angústia, tristeza e medo atingiram-me em cheio. Meu coração começou a disparar, um suor frio e quente alternados, tontura forte e pensamentos de sair correndo pela estrada. Um sentimento que "alienígenas" haviam invadido meu corpo e alma.

A minha vontade era de abrir a porta e sair correndo daquilo que tinha suposto "entrado no meu corpo". Mas dou Graças à Deus, que manteve minha sobriedade. Levantei, peguei minha filha no colo e sentei-me no chão e fiquei ali quietinha chorando e conversando com Deus em oração. Logo meu marido chegou e medicou-me com uma calmante, pois também não sabia o que tinha ocorrido. Fui dormir e quando levantei, já estava bem. Após uns 10 dias, ocorreu a mesma situação. Só que desta vez os sintomas não foram embora com o calmante.

Uma outra peregrinação aos médicos:

Agora procuramos um psiquiatra, que diagnosticou depressão. A minha melhora se deu após um mês de medicamentos. Tomei 8 meses de medicação e por orientação médica parei para observação. Os sintomas retornaram e então foi prescrito uma medicação por 2 anos.

Passaram uns 6 meses, outros sintomas apareceram: um cansaço muito forte, dores por todo corpo, angústia muito forte, a síndrome do cólon irritável e alergias respiratórias voltaram, sinusite e gastrite com azia. Algo estranho estava inciando na minha mente, sentia a mente "engessada", minha memória soi afetada, meu raciocínio ficou lento e pensamentos confusos. E na área emocional, minha afetividade ficou nula. Necessitava de ir dormir de tempo em tempo: dormia duas horas, acordava e ficava umas duas horas acordada, depois ficava mal e dormia novamente. Assim foi minha rotina, de duas em duas horas, parecia um recém nascido.

Mudamos várias vezes de psiquiatra, cada médico mudava a medicação e nada funcionava....e a cada dia meus sintomas pioravam.

Sentimento de morte

As crises eram tão fortes, que eu achava que tinha perdido minha vida. Encontrava-me na escuridão total dentro da minha alma. Como diz o Salmo 23 "No vale da sombra da morte", este era o meu sentimento.

O cansaço piorava....eu que era uma mulher tão dinâmica, não tinha força nem para lavar os meus cabelos e necessitava da ajuda do meu marido para tal atividade básica de higiene. Só de pensar em tomar banho, entrar no chuveiro, levantar as mãos para lavar os cabelos....era uma tortura, pois já me cansava só de imaginar as dores e a fadiga que aquela ação iria produzir no meu corpo. A água do chuveiro quando batiam nos meus ombros, eram como agulhadas me furando.

Não consegui mais bricncar com minha filha e por isso contratei uma babá. Não tinha vontade de sair com amigos, viajar, passear com meu marido. Parei de fazer musculação, andar a pé e fazer compras.

Meus sonhos foram embora. Parei de cozinhar. Meus interesses já não eram os mesmos. O meu sono tornou-se instável, acordava muito de madrugada.

Foi um tempo em que chorei muito e muito mesmo. Acordava sempre ás 3 horas da manhã e ia lá fora numa pedra, onde avistava toda a cidade (naquele tempo, morava num sítio nas montanhas), e ali, ao lado do meu cachorro, chorava alto, falava com Deus, clamava em altos brados por socorro divino....

Além da medicação ter o efeito colateral de engordar, eu comecei a colocar a minha ansiedade na comida e comecei a engordar dia a dia. Fiquei obesa!!!

Iniciaram as infecções crônicas por causa da baixa imunidade e estas se instalavam e demoravam umas 3 a 4 semanas para serem curadas: sinusite, herpes labial, fungos na pele, candidíase vaginal, comixão no ânus e outros sintomas.

Até que uma nova psiquiatra descobriu o que tinha: Sindrome da Fadiga Crônica. Indicou-me uma psicóloga para fazer terapia e mudou os medicamentos. Ela não sabia da fibromialgia, mas estudando a fadiga crônica, percebi que estava com fibro também. Comecei a ter uma melhora com o novo medicamento e terapia: voltei a passear, para meu programa na rádio comunitária, assumi algumas atividades da Igreja e minha mente deu uma melhrorada, pois voltei a lere escrever. Passei por altos e baixos.

Mudanças

Meu marido achou melhor voltar para São Paulo e iniciei um tratamento com um ex colega de USP - Hospital das Clinicas, um psiquiatra de renome e com outro colega reumatologista. Os dois confirmaram as duas síndrome e mudaram minha medicação. No início tive uma melhora, mas depois os sintomas voltavam e os médicos aumentavam as doses dos medicamentos.

Uma luz no final do túnel

Cansei-me dos médicos tradicionais, em 12 anos, 14 especialistas e nada de ter uma boa qualidade de vida. Por indicação de uma amiga fui procurar um especialista em ortomolecular e outro amigo indiou-me uma boa psicóloga.

Inciciei o tratamento ortomolecular em Setembro de 2008 e a terapia na mesma época. Já faz um ano de tratamento e terapia e tive 50% de melhora. Emagreci 15 quilos, não tenho mais dores fortes e constantes e estou tratando das minhas feridas emocionais, dos traumas sociais e religiosos e conhecendo-me por dentro e fazendo as devidas mudanças.

Neste tempo, a minha médica está trabalhando o aumento da minha imunidade (que continua muito baixa - tenho ainda infecções virais constantes) e minha fadiga, que ainda é alta.

Não voltei a ativa, mas já estou tendo uma vida de esposa, mãe, dona de casa e social. Minha fé está crescendo e tenho a esperança da cura total e ter de novo uma alta qualidade de vida.

Minha vida está voltando...Graças ao meu Deus e agradeço a estas duas mulheres especiais, minha médica ortomolecular e minha psicóloga.

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